ESCULTURAS
Paulo de Oliveira desde criança que frequenta o mar. Trabalhou largos anos exclusivamente como fotógrafo subaquático e como mergulhador professional.
Começou a esculpir a pedra da forma que se iniciam muitas coisas na vida: um misto do acaso e de um longo namoro secreto. Até que um dia não se pode esperar nem mais um segundo e passa-se à acção.
Como detesta o barulho de ferramentas eléctricas ou pneumáticas, trabalha sempre tudo, manualmente, com toda a calma de quem não pretende mais do que passar umas boas horas ao ar livre obrigando a pedra a tomar as formas que a sua imaginação vai ditando.
E assim vão nascendo peças toscas, mas de "parto" muito agradável, e que acabam encalhando pelos cantos das casas dos amigos. Alguns deles têm mais sorte e vivem em quintas onde lhes é possível serem simpáticos e acondicionar estes "calhaus" junto de outras pedras do jardim onde passam mais despercebidos.
As pedras, essas são quase todas pré-esculpidas pelo mar. Paulo de Oliveira apanha-as nas praias repletas de enormes calhaus rolados já talhados e bem polidos pela força das vagas. Depois limita-se a trabalhar apenas uma porção do material deixando uma área em bruto que lembrará sempre a sua origem marinha.
Já participou em duas exposições colectivas que tiveram o principal mérito de lhe proporcionar longas conversas com outros escultores, esses sim artistas dignos desse nome.
Existe no nosso país uma arbusto chamado pilriteiro que dá uns frutos pequenos que não servem para nada. O povo improvisou-lhe a seguinte quadra:
- Pilriteiro que dás pilritos
porque não dás coisa boa?
- Cada um dá o que pode
conforme a sua pessoa...
Este escultor, tal como o pilriteiro, dá o que pode.
Algumas das esculturas de Paulo de Oliveira